Januário Joaquim Mujinga nasceu em 10 de outubro de 1988, na cidade do Huambo. Filho de Maria Paixão Mujinga e de seu pai adotivo, Moniz Elina, sua infância foi marcada pelos desafios da guerra em Angola. Durante esse período turbulento, Januário buscou refúgio na residência de um tio em Luanda, especificamente no bairro Rocha Pinto.
A década de 1990 viu o surgimento e crescimento do kuduro nos subúrbios de Luanda, popularmente referidos como "musseques". Pioneiros do gênero, como Tony Amado e Sebem, influenciaram uma geração inteira.
Iniciando sua jornada no mundo artístico como dançarino, Januário, mais tarde conhecido como "Príncipe Ouro Negro", percebeu a necessidade de evoluir em sua carreira. Embora tenha começado gravando versões cover em 1998, a trajetória de Januário não foi fácil. A desaprovação inicial de sua família foi um obstáculo; contudo, com determinação e talento, ele conquistou seu espaço e o reconhecimento de seus entes queridos.
Em uma parceria estratégica, Januário se associou a seu colega de escola, conhecido como Presidente Gasolina. Juntos, formaram o aclamado duo "Os Namayer". Em 2007, receberam um convite para se apresentar no programa “Janela Aberta” da TPA. Mas foi em 2012 que enfrentaram seu maior desafio e oportunidade: substituir Sebem no renomado programa “Sempre a Subir”. Contra todas as expectativas, a dupla não apenas manteve a audiência, mas elevou o programa a novos patamares. A natureza única e irreverente de suas apresentações polarizava as opiniões, mas era inegável seu impacto na popularização do Kuduro além das fronteiras angolanas, notadamente no Brasil.
Consolidação do Sucesso
O convite para assumir o programa “Sempre a Subir”, anteriormente comandado por Sebem, foi um marco na carreira de Os Namayer. Mesmo sem experiência televisiva prévia, o carisma da dupla impulsionou a audiência do programa. Rapidamente, tornaram-se uma referência no cenário televisivo angolano.
O programa não apenas manteve sua audiência como também introduziu novos talentos do Kuduro ao público. A influência de Os Namayer estendeu-se para além da televisão, alcançando as redes sociais e consolidando sua reputação no cenário musical. Consequentemente, convites para shows, entrevistas e colaborações começaram a surgir, solidificando a presença da dupla na indústria musical.
Do meme ao sucesso internacional
A trajetória de Príncipe Ouro Negro na internet é notável. Inicialmente alvo de memes e brincadeiras, sua autenticidade rapidamente transformou zombarias em admiração, elevando-o a uma figura influente no kuduro digital.
Uma peculiar rivalidade virtual entre angolanos e brasileiros, marcada por imitações e sotaques, trouxe momentos de tensão e acusações de discriminação. Entretanto, vídeos de Ouro Negro, com seu distintivo "aportuguezeire", tornaram-se um elo de ligação entre as comunidades.
O bom humor inerente a Ouro Negro tem sido um contraponto refrescante em um ambiente digital muitas vezes carregado, trazendo leveza e autenticidade ao cenário.